sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Agnosticismo - Na Verdade Ninguém SABE de Nada sobre a "Outra Vida" , se é que Ela Exista.


Fonte : (Deus Ilusão)


Aleluia, Sócrates!!!



Haverá uma parte de mim que irá sobreviver a minha morte? Como o universo teve início? Houve um início? Como surgiu a vida? E a nossa inteligência? Somos os únicos seres capazes de fazer tais perguntas?
Eu não sei. E também não sei se é algum tipo de consolo egoísta saber que ninguém sabe. Porque ninguém sabe.
Ninguém.
As únicas coisas que temos e que mais se aproximam do que poderíamos, presunçosamente, chamar de respostas advêm de três fontes: a científica, a filosófica e a religiosa.
A científica se vale de um modelo racional e eficiente desenvolvido ao longo dos séculos, que se fundamenta em um processo que envolve a formulação de hipóteses e a busca de evidências que as sustentem — ou as descartem. É um processo laborioso e lento, mas com resultados confirmados.
A filosófica se vale, também, do raciocínio, mas em um nível de aplicação diferente do utilizado pela Ciência, que eu já vi muitas vezes, na literatura inglesa, ser chamado de “raciocínio de poltrona”, se referindo ao fato de que tudo o que o filósofo usa para chegar às conclusões que chega é o seu pensamento.
A religiosa se vale da fé.
Tendo assim começado, eu quero dizer que vou mudar minha abordagem em relação aos religiosos. Vou escrever, em breve, uma série de textos — intitulada ”Deus, Alice e a Matrix” — que irão explicar por que não vou mais perder tempo e energia tentando convencer alguém da insanidade que é passar toda uma vida em função (e na expectativa) de uma próxima. Quem acredita nesse tipo de embromação é imune a argumentos. E tudo o que eles têm para contra-argumentar, também é, por definição, imune: eles “sabem” como tudo teve início; eles “sabem” que há uma outra vida; eles “sabem” que há um Deus; eles “sabem” que há um Paraíso; eles “sabem” que há um Inferno; eles “sabem” de tudo. Com detalhes.
Não perderei mais meu preciso tempo elaborando nenhum raciocínio intrincado na esperança absurda de convencer pessoas religiosas do que quer que seja. Só  quero dizer uma última coisa diretamente a elas:
“Não, vocês não sabem!”
E vocês sabem que vocês não sabem. E vocês sabem que eu sei que vocês sabem que vocês não sabem. Vocês são tão ignorantes quanto eu acerca de todas aquelas perguntas. O que vocês têm é uma vontade enorme de que tudo aquilo em que foram criados acreditando seja realmente verdade. Mas isso não muda nada. Fé, por si, não é capaz de alterar a órbita de um único elétron.
Uma parte do cérebro deles aceitaria isso se funcionasse do modo como se desenvolveu para funcionar, mas, maldade das maldades, abuso dos abusos, desde a mais tenra infância, eles foram treinados para ignorá-la. E, assim, ao longo de suas vidas, sempre que são confrontados com a mais comum de todas as perguntas ― por quê? ―, eles são incapazes de, corajosa e honestamente, dar a mais comum de todas as respostas: eu não sei.
Eu vou passar minha vida inteira ciente de que não sei e que vou morrer sem saber responder uma infinidade de perguntas. Mas admitir a própria ignorância e aceitar não saber a resposta pode ser infinitamente mais reconfortante do que a ilusória paz de espírito daqueles que resolveram inventar uma.

2 comentários:

  1. Muitas pessoas usam, erroneamente, a palavra agnosticismo com o sentido de um meio-termo entre teísmo e ateísmo. Isso é estritamente incorreto pois teísmo e ateísmo separam aqueles que acreditam num Deus daqueles que não acreditam. O agnosticismo separa aqueles que acreditam que a razão não pode penetrar o reino do sobrenatural daqueles que defendem a capacidade da razão de afirmar ou negar a veracidade da crença teística. Um agnóstico pode ser tanto ateu quanto teísta ou deísta. Alguém que admita ser impossível ter o conhecimento objetivo sobre a questão — portanto agnóstico — pode com base nisso não ver motivos para crer em qualquer deus (ateísmo fraco), ou pode, apesar disso, ainda crer em algum deus por fé (fideísmo). Nesse caso pode ser ainda um teísta, caso acredite em conceitos sobrenaturais como propostos por alguma religião ou revelação, ou um deísta, caso acredite na existência de algo consideravelmente mais vago.abs

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  2. Há uma citação que nem sei ao certo de quem é, mas que pra mim faz muito sentido: "fé significa não querer saber o que é verdade".
    Se alguém quiser saber de alguma verdade, buscará ciências e filosofias, buscará o saber.
    Se algum dia alguém descobrirá o que existe após a morte eu não sei, mas por enquanto, qualquer afirmação é querer que esse pós-vida seja algo sem ter certeza disso, e pregar é querer que os outros também achem sem saber.
    É tão absurdo que precisa de ameaças de fogo eterno e demais desgraças insuportáveis pra quem não aceitar o engodo.
    Parabéns pelo texto.

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