quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Nobel de Química 2011 Vai para Descoberta dos Quase-Cristais.





A Academia Real de Ciências da Suécia deu na manhã desta quarta-feira (5) o Nobel de Química ao israelense Daniel Shechtman, 70 anos, do Instituto de Tecnologia de Israel, em Haifa, pela descoberta dos chamados quase-cristais, que têm aplicações experimentais em inúmeras finalidades -- dos motores a diesel às frigideiras..
De acordo com os organizadores do prêmio, a pesquisa de Shechtman trouxe uma mudança de paradigma de como os átomos são organizados em materiais sólidos. “Ao contrário da crença prévia de que átomos ficam dentro de cristais em padrões simétricos, Schechtman mostrou que eles poderiam se organizar em um padrão que não se repetia,” explicou a academia.
“Sua descoberta foi extremamente controversa. Enquanto defendia sua descoberta, foi demitido de seu grupo de pesquisa. No entanto, sua batalha eventualmente forçou cientistas a rever a própria natureza da matéria”.

O comitê lembrou então que as formas matematicamente regulares, mas infinitamente variadas, são comuns na arte árabe e persa. "Mosaicos aperiódicos, como os encontrados nos mosaicos islâmicos medievais do palácio de Alhambra, na Espanha, e na mesquita de Dar-i Imam, no Irã, têm ajudado os cientistas a entenderem qual é o aspecto dos semicristais em nível atômico."
A pesquisa de Shechtman foi inicialmente ridicularizada por muitos cientistas, pois contradizia todos os livros sobre o tema. Um dos seus críticos mais inflamados foi Linus Pauling, ganhador de dois prêmios Nobel. Mas, em 1992, a União Internacional de Cristalografia alterou, com base no trabalho do israelense, sua definição sobre o que é um cristal.
O cientista, nascido em Tel Aviv, trabalha no Technion (Instituto de Tecnologia de Israel), em Haifa (norte). Na época do seu principal trabalho, ele vivia nos EUA.
Nas últimas três décadas, centenas de semicristais foram sintetizados em laboratórios, e, há dois anos, cientistas relataram a inédita descoberta de um semicristal natural, numa amostra russa contendo alumínio, cobre e ferro.
Schechtman foi comunicado que ganhou o prêmio durante o anúncio, mas ao contrário do costume, a ligação foi particular, e não em viva voz durante a cerimônia. Os organizadores afirmaram que ele ficou extremamento surpreso com a honraria e que já havia desistido de ganhar o Nobel um dia.
O prêmio de Química encerra a parte científica dos prêmios Nobel deste ano. Ontem foi anunciado o Nobel de Física, que será dado aos astrônomos Saul Perlmutter, Brian Schmidt e Adam Riess, que descobriram a aceleração da expansão do universo a partir da observação de supernovas distantes.


O Nobel de Medicina or Fisiologia, foi anunciado na segunda-feira, e será dividido pelo americano Bruce Beutler, o franco-luxemburguês Jules Hoffmann e o canadense Ralph Steinman, falecido na sexta-feira passada. Apesar das regras proibirem prêmios póstumos, o Nobel a Steinman será mantido.
A rodada de anúncios destas distinções seguirá amanhã, com o prêmio de Literatura, na sexta-feira será a vez da divulgação do prêmio da Paz e finalmente, na próxima segunda-feira, o de Economia. 


Veja a lista dos vencedores do Prêmio Nobel de Química dos últimos 10 anos:


2010: Richard Heck (EUA), Ei-ichi Negishi e Akira Suzuki (Japão)
2009: Venkatraman Ramakrishnan e Thomas Steitz (EUA), Ada Yonath (Israel)
2008: Osamu Shimomura (Japão), Martin Chalfie e Roger Tsien (EUA)
2007: Gerhard Ertl (Alemanha)
2006: Roger Kornberg (EUA)
2005: Yves Chauvin (França), Robert H. Grubbs e Richard R. Schrock (EUA)
2004: Aaron Ciechanover e Avram Hershko (Israel) e Irwin Rose (EUA)
2003: Peter Agre e Roderick MacKinnon (EUA)
2002: John Fenn (EUA), Koichi Tanaka (Japão) e Kurt Wuethrich (Suíça)
2001: William Knowles, K. Barry Sharpless (EUA) e Ryoji Noyori (Japão)


(Com informações da AP e Reuters)

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