quarta-feira, 6 de julho de 2011

Línguas dos Anjos - Nada com Coisa Nenhuma!


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O dom das “línguas estranhas”, conforme descrito no Novo Testamento, manteve-se confinado às páginas da Bíblia até o início do século 20, quando um pastor evangélico americano, valendo-se muito mais de seu espírito empreendedor do que do Espírito Santo, resolveu ressuscitá-lo numa boca de culto de Los Angeles. O negócio deu tão certo e atraiu tanta atenção da mídia que se alastrou na velocidade de uma doença altamente contagiosa, logo atingindo outras denominações evangélicas, e até a poderosíssima Igreja Católica. Depois de 2 mil anos de esquecimento, em poucas décadas, o dom da variedade de línguas virou arroz de festa.
“Variedade” de línguas? Só no nome, porque, na prática, os cristãos são todos espiritualmente monoglotas: eles só falam a língua incompreensível dos anjos. A parte aproveitável desse suposto dom divino, a de falar e ser entendido por povos de outras nações aqui da Terra mesmo, é completamente ignorada. E o motivo é simples: para que tal milagre ocorresse, Deus precisaria existir. Assim sendo, eles exibem apenas a parte do milagre que podem fraudar. Isso mesmo. O maravilhoso dom divino das “línguas estranhas” é uma fraude muito da mal feita.  
Pesquisas recentes revelaram duas coisas bastante interessantes acerca desse fenômeno. A primeira: que quando um crente ora na língua dos anjos, seu cérebro não se utiliza da região responsável pela linguagem. A segunda: que, fora essa ausência, o fenômeno não motiva nenhuma alteração no cérebro; nada de transe, nada de semiconsciência, nada que indique que algo de diferente está em curso. Quem fala em línguas estranhas está tão consciente e faz a coisa de forma tão intencional quanto quem cantarola uma música do Roberto Carlos.
Justamente por ser produzida individualmente por pessoas honestas — devidamente excluídos os donos das bocas de culto — é que essa fraude se torna tão evidente. Ora, se embusteiros profissionais agindo solitariamente acabam por ser desmascarados, que dirá um sem-número de embusteiros amadores, agindo em conjunto, sem nenhum ensaio da farsa coletiva em que estão metidos!
Para enxergar a fraude, basta analisar a coisa separadamente, na ordem de ocorrência.
Moxocotô batata — dada totô môto, andôi — tiki xicala tobocô tocôto calaca moxitê. Kali xicotomocotô labatatá: xocôpo xôco locô mocoteá.
Quem fala a língua dos anjos, aparentemente, fala “uma” das línguas deles, porque elas são diferentes entre si, dependendo de quem fala. E quem fala se vale de uma repetição profusa de fonemas e sequências fonéticas do seu próprio idioma, como se a língua dos anjos fosse absolutamente estranha para nós, em termos de semântica, morfologia, sintaxe, estrutura, etc., mas tivesse os mesmos sons das nossas.
Sabe quando você fala: “Eu fiquei lá com ela... só nós dois... conversa vai, conversa vem, piriri pororó... mas não rolou nada.”?
Esse piriri pororó foi gerado na mesma fábrica que produz as línguas estranhas. E esse fenômeno é o mais recorrente porque é fácil de ser produzido e impossível de ser verificado, como jogar “par ou ímpar” por telefone.
2. A língua dos anjos interpretada (ICor, 14; 27, 28). 
Sharará bacassúri camanarraie suriêba nacassuriê.
Tradução: “Eu sou um vaso”
A interpretação é menos frequente porque aí a coisa complica muito pro lado deles: são duas fraudes operando simultaneamente, uma dependendo da outra. Claro que um troço desses não poderia dar certo. 
Quando você presencia esse tipo de “milagre”, sem a pressão moral de ter que acreditar nele, fica evidente demais que alguma coisa está muito errada. Às vezes, uma mesma frase significa coisas diferentes; às vezes uma frase pequena traz uma mensagem enorme, às vezes uma frase enorme traz uma mensagem pequena. Sem falar que, se você fizer a transcrição do áudio para uma análise posterior, vai observar que um “sujeito”, “verbo”, “substantivo”, etc., que aparece em diferentes frases, traduzidas do mesmo discurso, não está presente em todas as frases da fala original. 
Mas nem precisa chegar a esse ponto: a fraude revela-se de forma intuitiva. Só com muito boa vontade (nesse caso, disfarçada de fé) pra não perceber. 
O crente, entretanto, sempre poderá dizer que aquilo é uma interpretação mágica de uma língua mágica, falada por criaturas mágicas que habitam uma dimensão mágica. Aí eu me dou por vencido, porque de mágica eu não entendo nada.

4 comentários:

  1. Olá amigo José

    Eu acho que o sujeito que bagunçou tudo era algum dono de escola de idiomas rsrsrs.

    O cara cria o problema e depois vem com a solução , típico de seres maquiavélicos.

    Abraço amigo!

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  2. Bem, Cristiano, eu respeito a sua opinião e tal, e sei que existem na igreja pessoas que decoram as "línguas estranhas", ouvem e repetem, etc. Todavia eu acredito sim que haja variedade de línguas distribuídas pelo Espírito Santo. Não haveria como discutir isso com você já que você não crê em Deus (na verdade nem sei por que você se preocupa tanto em derrubar por terra tudo em que tantas pessoas acreditam), todavia, se vocÊ cresse em Deus o assunto seria passível de discussão. Por exemplo, aqui na minha igreja, as pessoas falam as mesmas línguas sempre. De algumas eu até desconfio pois são palavras do nosso cotidiano como "úh, balamacia" "sirianda, siricai" "ripalapatrás", etc., entretanto não nego que há ação do Espírito Santo em outras. A gente sente quando é o Espírito Santo e quando é apenas a emoção (o que acontece na maioria das vezes). Contudo eu respeito todos, cada um acredita no que quer, desde que não fira o direito do outro acreditar.

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  3. Olá amigo Odacyr

    Seja muito bem vindo ao blog e obrigado por comentar.

    Amigo , por muitos anos , na verdade por 10 anos eu fui evangélico digamos atuante , batizado , com cargo na igreja e tal , mas sempre fui honesto comigo mesmo no sentido de ter uma crença que se aproxime ao máximo da realidade e da verdade , se é que a verdade existe.

    O fato é que 100% dos que falam "línguas estranhas" aprenderam com outros que já falavam tais línguas.

    O fato é que este "dom" do espirito santo , assim como quase tudo na religião cristã , não serve para absolutamente nada , a não ser para a pessoas que tem o "dom" se sentir importante perante a comunidade , só isso. Que benfício este "dom" trás ao mundo? Nenhum.

    Eu não acredito no deus da bíblia , mas não é algo que um belo dia eu levantei de manhã e disse: "Puxa , acho que não acredito mais em deus".

    A coisa não é tão simples assim.

    A gente vai vivendo neste planeta a aprendendo a cada dia e vai vendo que as coisas , normalmente , são do jeito que nos contaram.

    Um exemplo clássico é o fato de que a maioria das igrejas católicas e evangélicas não ensinam detalhadamente ao povo as origens do cristianismo.

    E sabe porque eles não ensinam?

    Porque eles tem muita coisa a esconder e se muitas destas coisas forem reveladas a grande maioria deixa de ser cristão em 2 tempos.

    Com relação a sua pergunta eu faço uma outra bem interessante também:

    Porque os cristãos não respeitam a liberdade das pessoas em terem religiões diferentes ou mesmo nenhuma e invadem os canais de televisão com programas de péssimo gosto e que não acrescentam em nada na vida de ninguém?

    Porque os cristãos na sua maioria são intolerantes e preconceituosos com quem não é cristão?

    A respostas a essas perguntas é uma só:

    Os cristãos são assim porque foram doutrinados e treinados para serem assim , para condenarem ao inferno quem tem pensamento diferente.

    Experimente questionar algum ponto da doutrina de sua igreja com algum irmão de fé ou , pior , com o pastor , você verá na prática o que estou falando.

    Amigo , eu prefiro a realidade do que uma fantasia por mais que esta fantasia me faça me sentir bem.

    Com a questão de não acreditar em deus , como disse , no deus inventado e produzido pela mente humana e que está descrito na bíblia , esse eu não creio mesmo , e até tenho alguma repulsa , mas não descarto a hipótese (bem remota é claro) de que haja algum criador , algum deus , mas que não tem nada haver com o deus infantil , ciumento , mesquinho , ditador e arrogante descrito no livro mágico chamado bíblia.

    Até mais amigo e fique a vontade para visitar o blog e comentar quando quiser.

    Abraço.

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  4. Tem duas coisas. Primeiro, a Bíblia não menciona língua dos anjos porcaria nenhuma. Quando aparece Pentecostes, e é por isso que as igrejas são pentecostais, eles falavam línguas das pessoas, e as pessoas que eram estrangeiras reconheciam essas línguas. Isso é uma coisa. Outra coisa é que um estudioso americano, não lembro o nome dele agora, mas tá no livro, pesquisou línguas estranhas e descobriu que cada país do mundo, em cada região, fala uma língua estranha diferente. E ela sempre parece com a língua que as pessoas falam localmente, com os mesmos fonemas. Por exemplo: no japonês não existem várias letras, como o “V”, então você nunca vai ver um crente lá do Japão falando a letra “V”. A língua sempre se parece com a língua local, então existem várias línguas estranhas no mundo, cada país fala de um jeito. Ele conseguiu provar isso. A língua que eu falava, por exemplo, era uma que se falava nos anos 80 em São Paulo.

    Pelo que eu vejo os pastores falando hoje, é diferente. Então eles já começaram a falar outra língua estranha. É um bláblábá de outras pessoas que você fala igual. E se você for reconhecido como um crente dentre eles e começar a falar, eles vão achar isso lindo — vão achar que você foi batizado pelo Espírito Santo, entendeu? Você também vai achar. Mas não tem nenhum mistério nisso. Fonte : [http://noticias.gospelmais.com.br/livro-impio-evangelho-ateu-antitestemunho-real-19412.html]

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